"Nada é errado se te faz feliz."
Com certeza você já ouviu uma dessas frases. Eu não sei quem foram as primeiras pessoas a dizê-las, mas a idéia por trás delas as precede em muito tempo. 
Hoje em dia, isso parece ser uma espécie de mantra que move todas as pessoas em todas as situações.
Em algum momento da nossa história, isso tornou-se uma regra de vida e de conduta que passou a habitar o subconsciente de todo mundo e de toda a sociedade: busque o prazer e fuja da dor.
 
É assim que os pais criam seus filhos, lhes privando das dores e frustrações da vida enquanto podem, para que eles não sejam "infelizes".
É assim que a escola educa as crianças, para que passem por todo o processo de castração educacional e possam, ao fim, serem aptos a um trabalho que lhes seja feliz.
 
É também na vida adulta. Se não no trabalho, ao menos encontrarão a verdadeira felicidade na tão sonhada aposentadoria.
E dessa forma é que tudo vai caminhando: as decisões, as amizades, os relacionamentos... Tudo acontece em função de uma suposta felicidade.
Mas o que danado é essa tal felicidade que move a tudo e a todos?
 
Como eu vou saber quando, finalmente, for uma pessoa feliz? Vou ter muito dinheiro? Prazer constante enquanto faço o menor esforço possível?
Normalmente, as pessoas têm uma idéia muito reduzida do que é a felicidade, uma noção muito pequena. E isso é sempre causa de ilusão, engano, em que todo mundo vive uma vida mesquinha, buscando coisas pequenas e encontrando constantes frustrações.
 
É daí que vêm muitas das doenças morais e espirituais dos nossos tempos.
 
Boa parte disso decorre da visão antropocêntrica fruto do Humanismo difundido na Renascença, em que o homem passa a ser o centro das coisas, excluindo Deus e tudo o que é de ordem superior da sua vida.
 
Assim, o homem passa a buscar a felicidade em si mesmo, naquilo que lhe agrada e satisfaz pessoalmente, não mais em Deus, que é fonte verdadeira de toda felicidade.
 
Enquanto a Igreja ensinava — e ensina — que a felicidade verdadeira não é alcançada nas coisas desta vida, mas quando se está ordenado a Deus e à Sua vontade, os humanistas difundiam a idéia pagã que tentavam resgatar de que o homem é o centro do universo e, por isso, a felicidade está naquilo que atende aos seus próprios desejos.
 
Mas, pense bem.  Se a felicidade está em nós, na satisfação de todas as nossas vontades,  nas nossas paixões e nos nossos desejos, naquilo que nós  queremos do mundo, ela é impossível de ser alcançada.
 
Se tudo tem que convergir para satisfazer apenas as minhas vontades, o mundo tem que girar em torno de mim, não é?  Conseqüentemente, todas as outras pessoas devem me servir, devem agir em função de garantir a minha felicidade. 
 
Então, só eu posso ser feliz.
 
Você vê como isso não funciona?
 
Essa é a ironia de todas as idéias que tentam tirar Deus do centro da nossa vida: elas se anulam, não têm lugar na realidade.
Uma vida ordenada à felicidade terrena é uma vida em função da mentira, pois essa felicidade não tem consistência, não é real, ela evapora rapidamente.
 
A única felicidade que não se esvai, que é eterna, é a felicidade de uma vida ordenada ao bem, à Verdade, que é Deus, ordenada a atingir o seu fim último: contemplar a Deus face a face.
 
É como diz Aristóteles, no capítulo 9 do livro I da Ética a Nicômaco:
"Ora, se é uma dádiva dos deuses qualquer coisa possuída pela humanidade, é razoável conceber a felicidade como uma concessão divina — com efeito, de todas as posses humanas é a que maior probabilidade apresenta de ser, porquanto é a mais excelente de todas".
Ou seja, é razoável pensar que a felicidade é um dom de Deus.E na realidade Deus è a felicidade , não podemos esquecer a porta que Deus abre , ninguém fecha .