Todas as manhãs ,ao acordar primeiramente agradeço a Deus por está viva , então ,somos solicitados a tomar posição diante das coisas do mundo. Trata-se de uma escolha, como escolhemos a pasta de dentes que usamos, a primeira manchete que vamos ler do jornal ou o caminho que nos leva até o trabalho.
Mais que escolhas, o mundo nos solicita uma tomada de posição sobre a própria vida, os fatos que fazem com que ela seja de melhor ou pior qualidade e que nos apaziguam em relação à nossa consciência. Não há escapatória, todo dia é dia de tomada de posição, sob pena de nos sentirmos inadequados, omissos, coniventes com os horrores que os homens provocam – quem não tem posição está condenado a uma solidão no limbo, no nada, na neutralidade que, nesses tempos, passou a ser sinônimo de covardia e de patifaria.
Será que se pode ficar neutro diante das imagens brutais que as TVs divulgam todos os dias? Há neutralidade possível diante do cinismo e a prepotência de tantos políticos assaltantes de cofres públicos? Como se manter no meio-termo? Restamos na oração."Não quero me aborrecer", dizem por aí esses tipos que acreditam que sua opinião e atitudes não mudarão o curso das coisas, fingem que não é com eles, pensam que mergulhar nas suas festinhas regadas a cerveja e champanhe neutraliza os podres do mundo.
É comum assistir a formadores de opinião como homens públicos, jornalistas, empresários e afins não emitirem opinião – um contra-senso – para não se desagradarem nem desagradarem camadas da população, leitores, eleitores, etc... .Meu amigo e grande escritor Odaison da Silva tem razão temos que nos espiritualizar , temos essa obrigação diária .Não fosse a neutralidade acomodada e o mundo seria outro, teria contingentes de pessoas com posição tomada e expressada diante de barbaridades cotidianas, pressionaríamos os governos, enfrentaríamos os desrespeitos, encararíamos o cinismo que humilha, nos desvencilharíamos de muitas fontes de dissabores, cumpriríamos dignamente nosso papel da "mosca-que-caiu-na-sua-sopa" de que falava o Pedro Bezerra de Menezes meu amigo.
Mas é mais fácil não tomar partido – vivemos a época do fácil. É preciso marcar posição até mesmo contra coisas simples que incomodam e aproveito este espaço pra ser a mosca e tomar partido do Brasil e tentar falar , escrever sobre a fome que está ocorrendo no nosso mundo– lá fora, o mundo desmorona; fico perplexa ao ver que ainda se discute intelectualismos insossos, só pra demonstrar erudição, enquanto somos enganados por discursos indigentes; lanço olhares desatentos a apresentadores de TV que agem como marionetes repetitivas e automáticas, sem opinião; demonstro pena, o pior sentimento do mundo, quando cruzo com certos políticos metidos em seus ternos mal talhados, que jamais disfarçam o recheio de ar de que são feitos.
Por isso, é mais fácil sorrir , e cada vez mais estou plagiando meu sofrimento através do sorriso, plagiando minhas dores com conversas tolas , plagiando o plágio que se chama VIVER !