A realidade nos nossos tempos, nos revela que o vínculo professor- aluno encontra-se em crescente empobrecimento, a escola vive um mal estar no seu interior e a família não sabe o que fazer com tudo isso,talvez ate sabia,mas è imatura....

Alguns sentimentos, todos importantes, merecem ser citado como integrantes nesta realidade vincular: o deboche no lugar da admiração, a intriga no lugar da discussão, a agressividade no lugar do diálogo, a culpa no lugar da responsabilidade, e, principalmente, o medo ocupando a função do respeito.
Entendo, que um dos mais relevantes problemas no sistema educacional hoje é o mal-estar do
corpo docente. Seu sofrimento é muito maior do que o baixo salário, sua dor não é só física, é moral.

 


Um espaço só é escolar, porque ali existe ao menos um professor. Do contrário, seria sempre um
prédio que se presta para qualquer atividade.

É necessário redefinir o espaço escolar como a instituição que representa a força de trabalho do professor. Nesta lógica, a melhor escola seria, antes de tudo, aquela que contém os melhores professores. Mas, a realidade, hoje, não é assim.

O fato é que a escola hoje está vazia, sem força institucional, sem respeito e reconhecimento social. A escola está sofrendo e a sua carência é de identidade, na medida em que vem se garantindo mais na infra-estrutura e não no profissional que lhe dá o sentido de existir: o professor.

Quando falo professor, me refiro não só a pessoa que toma para si a possibilidade de ter por “trabalho a docência, mas do sentido que a palavra professor tem, diante da responsabilidade ética de ensinar”. Ensinar implica “um destinar”, fazer “sina”, que é mais que apresentar um conjunto de conhecimentos. Ensinar é transmitir o valor que estes conhecimentos tem no contexto cultural e na
trajetória da formação que propõe.

Que o aluno aprende e o professor ensina já sabemos. Mas, refletir como é que o professor
realiza este ato, requer estar disposto a viver com intensidade o valor da experiência.

Em meu entender, só um ensino é possível: aquele que visa educar – e não doutrinar – os sentidos
de uma criança, pois:

Primeiro: não se trata só de conhecimentos, mas o que visamos obter com estes?

Segundo: não se trata só de reforma curricular, mas de repensarmos o que estamos fazendo com nossa
espécie, nossa forma de vida, nossa semelhança? É dizer, quando ensinamos, o que é que ensinamos?

E para o professor, qual é a real lição que aprendeu com o conhecimento que se propõe a
ensinar? Por quem – e não só para quem – é realmente que o professor ensina?

Quem sabe, não é hora de reavaliar o ímpeto que temos quando nos propomos a restaurar ou
compensar a separação da criança – nosso aluno – do vínculo primário materno, como se houvesse uma certa obrigação do professor em restituir os fracassos da família. Por que? Como compreender o desrespeito, a desconsideração que o estamento político mantém com a Escola? E como esta problemática vincular – entre estado e escola – reanima o distanciamento da família em relação à
escola?

A hipótese que sustento, desde há muito tempo, é que o Estado, ao negligenciar com o valor
real da escola, produz, inevitavelmente, um ambiente problemático para o vínculo profissional do sujeito e a sua função de professor. Ou seja, a chamada profissionalização do professor.

A inadequação entre o sujeito e a função professor constitui um elemento forte para tornar
cada vez mais instável o processo ensino-aprendizagem que, por sua vez, intensifica as tensões e atritos nas demais formas de vínculo que se produzem na escola: professor-aluno, professor-escola, professor-família, aluno-aluno e, principalmente, professor-professor.

Assim – e dessa forma – cabe algumas perguntas e indagações:

(01). o que é de responsabilidade da escola e o que é responsabilidade da família?



(02). a escola, ao trabalhar com a criança, desenvolve uma atividade mais além de amparo, desenvolve uma atividade
constitucional.



(03). como entender os vínculos entre a função das famílias em relação aos filhos e papel da escola em
relação aos alunos e suas conseqüências na formação da criança como sujeito e cidadão. Assim – e dessa forma – é importante refletir sobre o que podemos deixar para os nossos filhos
conforme a pedagoga chilena Nydia Aylwin Acuña.

...nossos filhos
necessitam “raízes” para desenvolver um sentido de identidade, um compromisso
social e prudência.

...nossos filhos necessitam “asas” – ou liberdade de espírito – para serem independentes, livres
e criativos .

E, os nossos
alunos...