"Você,enquanto familiar de dependente químico, deve obter ajuda especializada para conseguir manejar toda essa situação. Também deve contar com o apoio de outros familiares. A imposição de limites é necessária, não somente para o indivíduo dependente, mas também para nós mesmos. Não é aceitável, sob quaisquer aspectos ou pretextos, que alguém suprima o nosso direito de ir e vir..."
A fissura é um sintoma central em qualquer quadro de dependência química e a sua gravidade e frequência são relacionados com recaídas e lapsos.
Se você for portador de Síndrome de Dependência de cocaína/crack, devemos levar em conta a heterogeneidade da população que padece desse problema.
Dados os fatos de que a doença ‘Síndrome de Dependência de cocaína/crack’ é crônica e de que a população que padece dela é altamente heterogênea, não é possível aventar uma fórmula ou receita única para assolar o problema.
Manter-se afastado de pessoas que fazem uso da droga, não fazer uso de álcool e outras substâncias psicoativas, evitar situações de risco (festas, baladas, noitadas), modificar seu estilo de vida são conselhos geralmente emitidos para aqueles que procuram tratamento, objetivando afastar os gatilhos para a fissura e recaídas.
Participar de grupos de mútua ajuda (NA, AA) é bastante recomendável para uma parcela considerável daqueles que padecem desse problema.
De uma forma geral, os seguintes passos são essenciais para promover e manter a abstinência, evitando a fissura:
Identificar os estímulos externos e sentimentos que disparam o forte desejo para consumir a droga. A partir dessa identificação, desenvolver habilidades para lidar com esses estímulos e sentimentos e driblar a fissura;
Estabelecer um sistema de apoio ou suporte, envolvendo familiares e amigos (naturalmente não usuários), e substituir rituais do passado (como andar pelas regiões nas quais você sempre adquiria a droga, encontrar o “vendedor” no bar da esquina, etc). Isso poderá ajudá-lo a quebrar
o ciclo do abuso e das atividades associadas com o consumo.
Ter controle externo sobre o seu uso de cocaína é bastante recomendado, dado que a doença é “traiçoeira”. Esse controle externo pode envolver dosagens frequentes da droga na urina ou sangue solicitada por médico (dentro de um programa terapêutico específico), participação regular em grupos de mútua ajuda e psicoterapia específica;
Desenvolver planos de ação para manejar as situações onde a fissura pode surgir. Um diário pode ser útil neste sentido;
Evitar passar muito tempo sozinho, sem atividades e sem a presença de pessoas confiáveis e conhecedoras do seu problema. Cada dia deve ser cuidadosamente planejado, com atividades profissionais, educacionais, esportivas e sociais em conjunto de pessoas “seguras”;
Ter cuidado com expectativas irreais. Muitos dependentes, após alguns dias de abstinência, sentem-se “curados” e não necessitados de tratamento especializado. Os cincos estágios para perceber que precisam de ajuda No estágio de pré-contemplação, não há intenção de mudar os comportamentos
relacionados ao consumo da bebida e, geralmente, a existência de problemas é completamente negada. Aqui, a negação é uma das principais características. Os pré-contempladores
dificilmente procuram ajuda para iniciar seu processo de mudança, e quando o fazem, em geral são impelidos por motivos externos, como por exemplo, encaminhamento pela família, empregadores ou
poder judicial.
No estágio de contemplação, a pessoa admite ter um problema e considera a possibilidade de mudança, mostrando preocupação e uma clara avaliação entre as vantagens e as desvantagens da mudança. Aqui, a ambivalência predomina. Frequentemente, dúvidas sobre a necessidade de mudança
surgem.
O estágio da preparação
é marcado pela melhor conscientização do problema
e o indivíduo organiza planos para modificar seu comportamento.
O dependente assume para si mesmo e para outros a necessidade de mudanças.
Nessa etapa, não há necessariamente ações,
visto que as pessoas no estágio de preparação ainda
não resolveram a sua ambivalência quanto à tomada
de decisões.
No estágio de ação, a pessoa
inicia explicitamente a modificação de seus comportamentos.
A ação exige grande energia pessoal e as mudanças
realizadas nesse estágio são muito mais perceptíveis.
O estágio de manutenção
é o grande desafio. O comportamento modificado precisa ser estabilizado.
É necessário um esforço constante do indivíduo
para consolidar os ganhos conquistados nos outros estágios, principalmente
no estágio de ação, além de um esforço
contínuo para prevenir possíveis lapsos e recaídas.
Lembro que as recaídas fazem parte do tratamento. Elas devem servir
como estímulos para que o dependente identifique as falhas no seu
comportamento e continue o processo de mudanças preteritamente
assumidas.
Você, enquanto familiar de dependente químico, deve obter ajuda especializada para conseguir manejar toda essa situação.
Também deve contar com o apoio de outros familiares. A imposição de limites é necessária, não somente para o indivíduo dependente, mas também para nós mesmos. Não é aceitável, sob quaisquer aspectos ou pretextos, que alguém suprima o nosso direito de ir e vir; exceto quando cometemos um crime ou quando portamos sérias doenças que nos impossibilitam de tomar decisões. E esse parece não ser o seu caso. Tente obter ajuda especializada, estabeleça prioridades na sua vida, obtenha auxílio de outros familiares e converse com o seu parente dependente. Se houver lesão de direitos individuais, você deve lançar mão do aparato jurídico também para auxiliar na resolução desse problema.
Mexa-se.!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!