Foto: Site Prioridade Absoluta
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu os direitos elementares em três gerações. Os de primeira têm haver com as liberdades, que vêm sendo desvirtuadas nos últimos tempos, os de segunda geração vocacionados à igualdade e, por fim, os de terceira que visam à fraternidade.
Nossa análise se focou em apenas um, previsto na lista da segunda geração, o direito à educação. Ao lado de outras necessidades essenciais como alimentação, moradia e assistência médica, o direito ao "bê-a-bá" é ou deveria ser igual para todos, pelo menos no acesso aos ensinos fundamental e médio.
O nosso texto despertou, a partir da observação de propagandas escolares que, nestes tempos, focam na renovação de matrícula e captação de novos alunos. Desde as primeiras inserções (no início do br o bró), a presença de crianças negras é bem diminuta, quando não inexistente. É bem verdade que a maioria das propagandas são dos grandes conglomerados particulares de educação, nos quais a possibilidade de um melaninado está presente é bem pequena, contudo, esse racismo "velado" chegou à periferia. No último final de semana, passando por uma avenida no bairro João XXIII, três outdoors me chamaram atenção, pois nenhum trazia a imagem de uma criança negra.
Onde elas estão? Que escolas frequentam? Por que não interessa colocar uma criança preta na propaganda?
É diante de fatos como esses, despercebidamente simples e teoricamente sem maldade, que se escancara o racismo estrutural brasileiro presente na educação, na política, na economia, etc. O racismo é cruel e já seleciona no “merchan” para quem o privilégio da educação é direcionado, deturpando o verdadeiro sentido de igualdade previsto na Constituição.
Mesmo que não propiciem a chance de crianças negras estarem em seus quadros de alunos, essas escolas perdem a chance de promover práticas antirracistas, estimular a diversidade ou, no mínimo, demonstrar empatia pelo povo invisibilizado que forma a maioria dos brasileirinhos.
Por fim, lembro aos desavisados que as cotas existem, justamente para tentar corrigir essa falha que já começa pelas propagandas.